“Vôos da educação: poder, autoritarismo e práticas pedagógicas”. Esse foi o tema do encontro de formação continuada realizado pela 8ª CRE na manhã de hoje (01), com os professores das escolas da rede de Santa Maria. A atividade que, nas palavras da professora Dra. Sueli Menezes Pereira, uma das palestrantes, foi “cheia de emoções e recordações muito duras”. O evento também contou com o professor Dr. Diorge Alceno Konrad, chefe do departamento de História da UFSM e a professora Dra. Rhea Sylvia de Lourdes Frasca Gartner como palestrantes.
O objetivo foi propor e ampliar o debate sobre o autoritarismo e as práticas pedagógicas e, discutir o papel do poder como pertencimento da liberdade no contexto educacional.
Para recepcionar o público, foi preparado um cenário especial no local da atividade. Cartazes e frases de protesto da época, como “menos censura, mais cultura”, “é proibido proibir”, “direito a liberdade de expressão”, entre outros foram colados nas paredes da entrada do auditório. Os convidados receberam letras impressas de músicas de cantores e textos de personalidades políticas que foram presos e exilados no período histórico. A abertura foi feita com a projeção de slides com fotografias simbólicas e apresentação de músicas cantadas e entoadas com violão pelas professoras Evelyne e Ruana.
Em seu depoimento, bastante emocionante, a professora e jornalista Rhea Sylvia, que foi uma exilada política, falou de experiências vivenciadas no momento da Ditadura e também o que esse fato representou para a educação. “A Ditadura nos deixou sem nenhuma perspectiva de educação. Ainda viveremos por muito tempo sob os resquícios desses anos. Um dos grandes lapsos da educação no Brasil, por exemplo, foi terem anulado da história porque o negro veio para o Brasil”, destacou ela. O professor Diorge Alceno, em sua fala, relembrou que na época, quem tentava fazer educação de base, como Paulo Freire em Pernambuco, era considerado um comunista. Para o professor “não é triste rememorar, relembrar esta data, é triste ver aqueles que por desconhecimento e falta de informação, defendem a Ditadura”. Ele apresentou também parte do contexto político na região de Santa Maria de quando se deu o Golpe, chamando a atenção para o desaparecimento de diversas pessoas no município de São Sepé. “Nós queremos direito a memória, isso é o mínimo”, disse ele. A professora Dra. Sueli, durante a sua fala enfatizou que “se a Ditadura nos alienou, nós temos enquanto professores que buscar compreender isso e lutar para resolver esse problema”. Diversos professores, durante o encontro também se manifestaram, sensibilizados, dando testemunhos e depoimentos pessoais e de familiares que sofreram durante os anos da Ditadura. No final do encontro, o Chefe do Setor Pedagógico, professor Cícero Santiago, encerrou a atividade chamando a atenção para a situação profissional e financeira do professor. “A nossa profissão vem sendo degradada a meio século, tanto pela questão salarial como pela intelectual. Esse cenário precisa ser transformado”, disse Santiago.
O encontro de hoje faz parte do calendário de ações da 8ª CRE para este ano, em que ocorrerão diversas atividades de forma descentralizada reunindo as escolas dos municípios de abrangência por núcleos regionais de proximidade.